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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou neste domingo (6) que irá implementar uma tarifa adicional de 10% sobre “qualquer nação que se alinhe com as políticas antiamericanas do Brics”. A revelação foi feita por meio de sua conta na rede social Truth Social.
“Não haverá exceções a essa política”, complementou ele.
Ainda não foram divulgadas informações acerca dos países que sofrerão a tarifa. Trump também não especificou o que considera como “políticas antiamericanas” em seu comunicado.
Mais cedo, neste domingo, o bloco econômico publicou a “Declaração do Rio de Janeiro”. Uma parte do documento defende o multilateralismo, sem fazer menção direta aos EUA.
Dentre os pontos destacados, estão:
Fortalecimento das instituições multilaterais, como a ONU, e a valorização do direito internacional;
Rejeição a iniciativas unilaterais que comprometem o sistema global. A nova tarifa anunciada por Trump não foi mencionada de forma explícita.
“Manifestamos sérias preocupações a respeito do aumento de medidas tarifárias e não tarifárias unilaterais que distorcem o comércio e não estão em conformidade com as normas da Organização Mundial do Comércio”, diz um trecho do documento.
Em outra postagem, o republicano informou que cartas e acordos tarifários com os países começarão a ser enviados às 12h desta segunda-feira (7), no horário de Washington (13h, no horário de Brasília).
Trump também mencionou que essas tarifas não entrarão em vigor até o dia 1º de agosto. Essa medida concede um prazo de três semanas para renegociações de acordos bilaterais, a fim de evitar o aumento de tarifas que foi anunciado em abril.
A suspensão de 90 dias das tarifas impostas pelo republicano estava prestes a culminar no próximo dia 9 de julho. Washington havia estabelecido apenas acordos restritos com o Reino Unido e o Vietnã. A maioria dos países ainda está em busca de evitar as tarifas anunciadas, as quais podem variar entre 10% e 50%.
A União Europeia está em negociações para evitar sobretaxas em setores como agricultura, tecnologia e aviação, mas ainda enfrenta obstáculos com os EUA. Japão, Índia, Coreia do Sul, Indonésia, Tailândia e Suíça também estão apressados em apresentar concessões de última hora.
Nova ofensiva contra o Brics
🌍 O Brics é um grupo composto por 11 países do Sul Global, incluindo nações em desenvolvimento da América Latina, África, Ásia e Oceania. Trata-se de um fórum de articulação político-diplomática e cooperação em diversas áreas.
O Brasil assumiu a presidência rotativa do bloco em 1º de janeiro de 2025. Os representantes das nações que fazem parte do Brics estão se reunindo no Rio de Janeiro até esta segunda-feira.
Em outra seção do documento divulgado ontem, o bloco aborda a segurança global, com ênfase em:
Censura a ataques recentes direcionados ao Irã, sem referir-se diretamente aos Estados Unidos ou a Israel;
Censura a agressões contra a Rússia, mas sem criticar os ataques à Ucrânia. A Rússia integra o Brics, e o presidente Vladimir Putin participou do encontro por meio de videoconferência;
Postura unificada a respeito das crises no Oriente Médio, abrangendo os conflitos em Gaza e as tensões entre Irã e Israel.
Apoio à proposta de uma solução de dois Estados como maneira de resolver a discórdia entre Israel e Palestina. Os líderes promovem a formação de um Estado palestino com base nas fronteiras de 1967, considerando Jerusalém Oriental como sua capital.
O documento ainda solicita que a comunidade internacional intervenha para acabar com a violência em Gaza e assegurar a proteção dos civis palestinos.
Promoção de soluções pacíficas, diplomáticas e negociadas, fundamentadas no direito internacional.
A declaração foi emitida pelo Ministério das Relações Exteriores do Brasil.
Posições dos países do Brics
O Ministério das Relações Exteriores da China declarou que “a utilização de tarifas não beneficia ninguém” e expressou oposição ao uso de tarifas como uma ferramenta para pressionar outros países.
A Rússia também comentou sobre as afirmações de Trump. “Nós observamos, de fato, essas palavras do presidente Trump, mas é crucial ressaltar que a particularidade de um grupo como o Brics reside no fato de ele reunir países que compartilham abordagens e visões comuns sobre como colaborar com base em seus próprios interesses”, afirmou o porta-voz Dmitry Peskov.
Ele adicionou que “essa cooperação dentro do Brics nunca foi nem nunca será voltada contra terceiros”.
A África do Sul adotou uma posição similar. Conforme o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Chrispin Phiri, o Brics deve ser compreendido como um movimento a favor de um “multilateralismo reformado, e nada mais”.
De acordo com ele, “as metas do Brics são, essencialmente, estabelecer uma ordem global mais justa e abarcativa, que represente de forma mais adequada as realidades econômicas e políticas do século 21”.