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O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), deu a autorização para a iniciação de uma investigação sobre uma suposta organização criminosa no estado do Pará, que envolve policiais e servidores públicos em um esquema de saques de milhões relacionados a uma licitação de R$ 142 da COP30, conforme noticiado pelo G1.
Além do deputado, outras 11 pessoas estão sendo investigadas. Dentre elas, figuram o secretário de Obras Públicas do Pará, Ruy Cabral, e o policial militar Francisco de Assis Galhardo do Vale, que é mencionado como segurança de Antônio Doido. Entretanto, o inquérito permanece em sigilo.
Empresas associadas a Doido
Conforme informa a PGR, o alegado esquema envolve duas empresas cujos donos são relacionados a Antônio Doido.
A J.A Construcons Civil Ltda, registrada em nome de Andrea Dantas, que é a esposa do deputado, teria recebido R$ 911 milhões do governo do Pará entre 2020 e 2024 por meio de vários contratos.
Além disso, a JAC Engenharia Ltda, que está registrada em nome de Geremias Hungria – um empregado de uma propriedade de Antônio Doido, também recebeu fundos do estado do Pará.
Essas duas empresas se uniram para formar o Consórcio Perna Norte, que apresentou uma proposta para uma das obras vinculadas à COP30, um evento que está programado para novembro deste ano em Belém.
Obra da COP30
Em maio do ano passado, a Secretaria de Obras Públicas do Pará lançou uma licitação para a realização da Perna Norte da rua da Marinha até o Canal do Bengui, em Belém.
Essa obra foi planejada como parte das melhorias para a COP30.
O Consórcio Perna Norte, formado pela J.A Construcons Civil Ltda e JAC Engenharia Ltda, apresentou uma proposta de R$ 142,3 milhões em setembro do ano anterior.
De acordo com a PGR, essas empresas são “suspeitas de pertencer ao deputado federal” Doido.
No mesmo dia, o coronel da PM, Francisco de Assis Galhardo do Vale, que é segurança do parlamentar estadual, retirou R$ 6 milhões em um banco localizado em Castanhal (PA).
O agente privado tentou se encontrar com o secretário de Obras, Ruy Cabral.
A Polícia Federal identificou essa retirada e as comunicações trocadas entre Galhardo do Vale e Cabral, após a prisão do segurança em uma situação posterior — quando ele realizou outro saque milionário nas vésperas das eleições municipais.
Flagrante eleitoral
Em outubro do ano passado, o coronel Galhardo e Geremias Hungria, que é o proprietário formal da JAC Engenharia, foram detidos em flagrante ao tentarem retirar quase R$ 5 milhões de um banco em Castanhal. A PF os localizou através de uma denúncia anônima.
A investigação das mensagens no celular do coronel revelou indícios de crimes eleitorais, corrupção passiva e ativa, e lavagem de dinheiro.
A PGR ainda ressaltou a utilização de lotéricas e intermediários para movimentar os recursos, que eram transportados fisicamente em sacolas plásticas ou até mesmo em sacos de lixo.
Em janeiro de 2025, a autorização do Consórcio Perna Norte, que é composto pelas empresas que estão sob investigação, foi revogada pelo governo do Pará.
A justificativa dada oficialmente foi de que a decisão se baseou em “motivos puramente técnicos”.
Essa ação ocorreu após surgirem denúncias que questionavam a integridade do processo, além da prisão em flagrante de um dos sócios do consórcio, Geremias Hungria.
Desde esse episódio, a licitação foi encerrada antes de qualquer contrato ser assinado ou de a execução da obra começar.
Embora tenha sido inicialmente autorizado, o Consórcio Perna Norte não recebeu qualquer quantia pública pela obra da Perna Norte em Belém.
O contrato foi anulado antes que ocorresse qualquer repasse financeiro.
Conforme o governo do estado do Pará, nenhuma das empresas sob investigação estabeleceu um contrato ou recebeu pagamentos específicos relacionados à licitação mencionada.
Entretanto, a investigação busca determinar se outros projetos foram utilizados como fonte de recursos desviados.
Relatório do Coaf
Um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), que faz parte do inquérito, revelou que o coronel Francisco Galhardo fez 15 saques bancários entre 2023 e 2024, totalizando aproximadamente R$ 48,8 milhões.
Esses valores foram retirados em dinheiro, em diversas agências bancárias, com frequência na cidade de Castanhal (PA).
O comportamento atípico das transações levantou indícios de lavagem de dinheiro e a utilização de intermediários para movimentar os fundos.
O grupo estava estruturado em um aplicativo do WhatsApp chamado “Segurança AD”, em referência às iniciais do parlamentar.
Além da função de escolta, os policiais militares teriam tido envolvimento no suporte logístico e operacional para transportar e sacar grandes quantias em dinheiro, o que caracteriza uma possível desvio de função e atuação em crimes financeiros.
Declarações dos envolvidos
Em uma nota oficial, o governo do Pará refutou qualquer ligação com práticas ilegais.
A Secretaria de Obras Públicas declarou que o secretário Ruy Cabral não celebrou contratos com os implicados, não recebeu montantes inadequados e que todas as atividades do órgão respeitam os princípios da legalidade e transparência.
O governo também mencionou que não recebeu notificação oficial acerca de investigações ligadas ao certame, mas que está disponível para colaborar com as autoridades competentes, caso seja contatado.