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Os Correios anunciaram nesta segunda-feira (12) um planejamento estratégico para lidar com a perda de R$ 2,6 bilhões ocorrida em 2024 e melhorar a situação financeira da empresa.
Dentre as ações divulgadas está a promoção da diminuição da carga horária de trabalho, o que resultaria, consequentemente, na redução dos salários dos empregados.
O documento foi compartilhado internamente e disponibilizado para conhecimento da organização. Se o plano conseguir implementar todas as medidas apresentadas, os Correios esperam contabilizar uma economia de R$ 1,5 bilhão em 2025.
“Enfrentamos um desafio significativo: a necessidade de cortar gastos”, declara o texto. Para que a proposta seja bem-sucedida, a empresa espera o apoio dos colaboradores. Aproximadamente 86 mil profissionais serão diretamente afetados pelas novas medidas.
“Neste momento, a participação de cada empregado, por menor que seja, é extremamente valiosa. Juntos, temos todas as condições para superar os obstáculos e criar um futuro mais promissor e bem-sucedido para nossa equipe.” As iniciativas adotadas pela empresa incluem:
➡️ Avaliação da estrutura da sede dos Correios: redução mínima de 20% no orçamento de determinadas funções, envolvendo a diminuição de cargos comissionados;
➡️ Incentivo à redução da carga horária: alterações na jornada de trabalho para 6 horas diárias e 34 horas semanais. Atualmente, a jornada é de 8 horas diárias e 44 horas semanais;
➡️ Suspensão temporária de férias: a partir de 1º de junho de 2025, para o período aquisitivo deste ano. As férias poderão ser utilizadas novamente a partir de janeiro de 2026;
➡️ Extensão do período de inscrições para o Programa de Desligamento Voluntário (PDV): até 18 de maio de 2025, mantendo os mesmos critérios de elegibilidade;
➡️ Estímulo à transferência, voluntária e temporária, de agentes de correios: o adicional de atividade será o mais vantajoso para os funcionários;
➡️ Convocação para o retorno ao trabalho presencial: todos os colaboradores devem voltar ao trabalho presencial a partir de 23 de junho de 2025, exceto aqueles que estiverem sob proteção de decisão judicial;
➡️ Introdução de novos formatos de planos de saúde: a escolha da rede conveniada será discutida com as representações sindicais, com uma economia estimada de 30%;
➡️ Criação de um marketplace próprio ainda em 2025;
➡️ Captação de R$ 3,8 bilhões junto ao New Development Bank (NDB) para investimentos internos.
Aumento de custo
No documento, a empresa pública explica as perdas registradas em 2024, apontando que as dificuldades foram causadas pela “redução nas receitas de encomendas internacionais”, conforme relatou o g1 em abril. Entretanto, é reconhecido um aumento nas despesas durante o período.
Entre os aumentos significativos do ano passado estão os custos operacionais, que cresceram R$ 716 milhões em relação ao ano anterior, subindo de R$ 15,2 bilhões para R$ 15,9 bilhões. Este é o maior custo anual registrado pelos Correios desde 2017, quando a empresa teve um gasto de R$ 16 bilhões, conforme o texto.
A maior parte do aumento nos custos refere-se aos gastos com pessoal, que subiram de R$ 9,6 bilhões em 2023 para R$ 10,3 bilhões em 2024.
No relatório de Demonstrações Financeiras, os Correios explicaram que esse crescimento ocorreu devido ao Acordo Coletivo de Trabalho firmado com mais de 80 mil funcionários (R$ 550 milhões). Além disso, incluíram o reajuste do vale alimentação/refeição (R$ 41 milhões). Portanto, a empresa destaca a necessidade de respaldo dos colaboradores.
Demonstrações financeiras são relatórios contábeis que refletem a condição financeira de uma empresa em um período específico.
Prejuízo de R$ 2,6 bilhões
O déficit em 2024 é quatro vezes superior ao que foi registrado no ano anterior, quando a perda foi de R$ 597 milhões.
O termo “déficit” refere-se ao fato de que os gastos totais superaram a receita gerada pelos Correios no ano.
Nesta apresentação, os Correios revisaram os dados de 2023 para alinhar melhor com as normas contábeis, resultando em um aumento do resultado final do ano anterior para R$ 633 milhões.
Correios reportam um prejuízo de R$ 2,6 bilhões em 2024, conforme o relatório
Esta é a primeira vez desde 2016 que os Correios relatam um prejuízo bilionário em suas operações. Naquele ano, a empresa registrou uma perda de R$ 1,5 bilhão (equivalente a R$ 2,3 bilhões em valores atualizados).
Entre as razões apresentadas pela empresa para o resultado negativo, destaca-se que apenas 15% das 10.638 unidades de atendimento apresentaram superávit, onde a receita é superior às despesas.
“Embora 85% das unidades sejam consideradas deficitárias, os Correios asseguram o acesso universal a todos os serviços postais, com tarifas justas, em todos os 5.567 municípios atendidos”, observou a empresa.
Investimentos
Por outro lado, a empresa também afirmou que houve um investimento de R$ 830 milhões em 2024, totalizando R$ 1,6 bilhão desde que a nova gestão assumiu.
Nos últimos dois anos, foram aplicados R$ 698 milhões na compra de novos veículos, além de outros R$ 600 milhões em manutenção da infraestrutura operacional da empresa.
Parte dos veículos adquiridos integra o plano estratégico da empresa, que prevê um prazo de 5 anos para a transição ecológica de suas atividades.
Assim, em 2024, foram adquiridos:
50 furgões elétricos;
3.996 bicicletas cargo com baú; e 2.306 bicicletas elétricas.
Além disso, a empresa comprou 1.502 veículos para renovar a frota existente.
Apesar do prejuízo em 2024, a estatal reafirmou que continuará sua estratégia de investimentos voltada para “soluções tecnológicas” e a diminuição do impacto ambiental.
“A sustentabilidade permanecerá como tema central em nossas atividades. Esperamos avançar ainda mais em nossos objetivos de caráter social e ambiental”, declarou a empresa.
Fluxo de caixa
Outra circunstância que impactou os Correios em 2024 e que tem gerado dificuldades para a companhia neste ano é a diminuição da liquidez financeira da organização.
Conforme as Demonstrações Financeiras reveladas na última sexta-feira (9), a empresa utilizou R$ 2,9 bilhões que estavam em caixa e aplicações financeiras, o que representa 92% do total aplicado em 2023.
Na apresentação mais recente, a empresa informou que possui apenas R$ 249 milhões nessas contas.
Essa falta de recursos financeiros faz com que os Correios atrasem repasses e pagamentos para os envolvidos no processo de geração de receita da companhia.
Consequentemente, desde o início de abril, transportadoras que oferecem serviços para os Correios estão ou paralisadas ou operando em um ritmo mais lento, resultando em atrasos na remessa e entrega de encomendas.
No início do ano, a empresa também atrasou o repasse da comissão das agências parceiras – franqueados que realizam o serviço de recebimento e envio de encomendas.